NOSSA CASA

sexta-feira, 30 de março de 2012

como CRISTO, nasceu pobre

(Pe. Pio Milpacher)

Em síntese: O artigo dissipa o preconceito de que a Igreja Católica é rica em virtude de ganância e outros vícios. A Igreja tem enormes responsabilidades desempenhadas por pessoas que se põem totalmente a serviço de Cristo e precisam de ser remuneradas. Ademais os tesouros de arte do Vaticano não são como o dinheiro nos Bancos a render juros; ao contrário, são bens que exigem manutenção caríssima.

O Pe. Milpacher, benemérito por seus trabalhos apostólicos, difundiu via Internet um artigo que vai abaixo transcrito, pois responde a uma questão frequentemente formulada pelo grande público.

A Igreja Católica é rica?

Entre todas as teorias de conspiração acerca da Igreja Católica, a afirmação de que ela seria uma potência financeira é das que mais subsiste em nossos dias e é habitualmente utilizada pelos seus detratores. Seria mesmo a Igreja Católica uma instituição bilionária, portentosa de riquezas, à qual bastaria vender todos os seus supostos tesouros para com isso acabar com a pobreza dos povos? O Óbolo de São Pedro... O que é isso? É a coleta que será feita uma vez por anos em todas as Igrejas para ajudar a manutenção da Cúria Romana.

"Como? O Vaticano não é rico?" - Sim e não! É rico de igrejas, ornamentadas com obras de arte de valor enorme, de museus igualmente cheios de doações feitas por reis, príncipes, grande artistas e benfeitores da humanidade, que doaram objetos preciosos à Igreja em reconhecimento a Deus por graças recebidas.

Mas não são bens comerciáveis! Um dia (logo depois da guerra mundial) o Cardeal de Milão necessitava de dinheiro para reconstruir as igrejas da cidade, devastadas pelos bombardeios. Foi pedir empréstimos aos Bancos. Os banqueiros perguntaram quais bens a diocese tinha para hipotecar em caso de não restituição do empréstimo. O Cardeal era um homem santo, mas entendia pouco de negócios comerciais; ofereceu hipotecar o domo de Milão. Uma catedral maravilhosa, de valor inestimável! Os banqueiros responderam: "Não é um bem comerciável! Quem a compraria? Tem só despesas de manutenção!".

Os tesouros de arte do Vaticano, não são como o dinheiro nos Bancos, que dão renda; são bens que exigem manutenção caríssima! As ofertas dos turistas que os visitam, devem ser empregadas para conservação e restauro destes tesouros. Quem entra nas igrejas antigas de S. Paulo, Omo a de S. Francisco, admira toda aquela decoração de madeira trabalhada artisticamente. Mas terá observado que desde anos estão técnicos trabalhando sobre os andaimes para salvar a madeira do cupim, da umidade, da poluição do ar, restaurá-la e refazer as pinturas. E não é qualquer biscateiro que sabe fazer um trabalho semelhante!

No Vaticano trabalham mais de dois mil empregados: guardas, porteiros, faxineiras, funcionários das congregações romanas, que devem atender ao governo de um bilhão de católicos, coordenação de milhares de institutos religiosos, dioceses, seminários...

São em número menor do que os funcionários da prefeitura de Osasco; mas eles também não vivem de ar; devem ser pagos serviço que prestam. Se servirem ao povo católico do mundo inteiro, é justo que os católicos contribuam ao sustento.

O mesmo argumento vale para as dioceses. O Bispo e a cúria diocesana trabalham para o povo da diocese; devem ser mantidos pelo povo, como o seminário que prepara os futuros padres. O povo contribui com o dizimo e as coletas. Por isso as paróquias dão a coleta do dia de São Pedro à manutenção da igreja universal e dez por cento da arrecadação mensal à manutenção da diocese e do seminário. É justo que seja assim.

Mas somente em parte. O Estado deveria ajudar! Um dia, explicando a um operário que o Estado não ajuda em nada a igreja, ficou pasmado: "Como? A Igreja que prega a honestidade, educa as novas gerações  a evitar os vícios, prepara os jovens a formar famílias honestas e firmes, não recebe nenhuma ajuda do Estado? Não faz um serviço público?" Eu lhe respondi que o Estado não ajuda a igreja, nem quer ensino religioso nas escolas porque os anticlericais dizem que não todos os cidadãos têm religião. O homem rebateu:

"Mas, se é por isso, o Estado não deveria financiar o carnaval, porque muitos preferem ir à praia em lugar de ver o desfile, nem deveria asfaltar as ruas de Vila Nova, porque não servem aos habitantes de Vila Velha! Dizer que a religião não se ajuda porque não todos a praticam é um argumento estúpido!"

Reconheci que o homem tinha razão. E lhe expliquei: "Na instituição da República os anticlericais disseram esta besteira. Nós engolimos, porque é um mal menor do que o antigo padroado, quando o Rei ajudava, mas se arrogava o direito de nomear os Bispos, exigindo que tapassem a boca dos padres, para que não protestassem contra a escravatura, o massacre dos índios, as roubalheiras dos políticos. É injusto que o Estado doe terreno para obras de lazer e não para construir igrejas e salas de catecismo. Mas, se desde um século temos aqui Bispos de grande valor e desde quinhentos anos no Vaticano se sucedem Papas maravilhosos, é porque a igreja ganhou a liberdade de escolher os melhores, sem a interferência dos políticos. A liberdade para a Igreja não tem preço!" - O homem entendeu e achou justo que o povo ajude a sustentá-la!

Ao Pe. Pio a gratidão de PR!

Estevão Bettencourt O.S.B.

amor!!!!


Em meio às dificuldades da vida presente, precisamos de ouvir repetidamente as palavras do anjo Gabriel e Maria por ocasião ao anúncio da Encarnação do Verbo: "A Deus nada é impossível!" (Lc 1,37).
A Escritura compraz-se em incutir tal verdade. É o próprio Senhor quem diz através do Profeta Jeremias: "Eis que sou o Senhor, o Deus de toda carne; haverá para mim algo de impossível?" (Jr 32, 27). Especialmente quando refere a história de Abraão, o texto sagrado lembra o absoluto poder de Deus. Assim, por exemplo, ao prometer um filho a  Abraão e Sara, anciãos estéreis, o Senhor enfrentou o riso cético de Sara e replicou: "Acaso existe algum portento superior ao poder de Javé?... No próximo ano Sara terá um filho" (Gn 18, 9-14). Esse filho, Deus, querendo provar Abraão, pediu-lhe que o entregasse à morte; o Patriarca, já doutrinado pelos feitos anteriores, dispôs-se a imolar Isaac..., "pensando consigo mesmo: Deus é capaz de ressuscitar os mortos. Por isto recuperou seu filho como símbolo" da vitória que Deus daria aos homens sobre a própria morte (cf. Hb 11, 19). São Paulo aos Romanos escreve ainda: "Abraão acreditou em Deus, que faz viver os mortos e chama à existência as coisas que não existem" (Rm 4, 17).
O episódio de Isaac, salvo da morte que o ameaçava, não foi senão o prenúncio da plena vitória, de Cristo sobre a morte, obtida na manhã de Páscoa. A morte é o adversário inexorável que os homens por si não têm, nem terão, possibilidade de debelar. O Senhor, porém, a venceu e promete a todos os fiéis o triunfo sobre a mesma.
"A Deus nada é impossível!" Esta mensagem significa que as aspirações fundamentais do coração humano, por mais ousadas que pareçam, terão seu cumprimento: ao homem serão dadas a Vida, a Verdade, o Amor, a Felicidade plenas. "Aquele que não poupou o próprio Filho, mas O entregou por todos nós, como não nos terá dado tudo com Ele?" (Rm 8,32). 
A mesma mensagem desperta também em todos os cristãos a confiança de pedir ao Senhor queria resolver os casos "impossíveis" e as situações desesperadas, que frequentemente os acometem neste mundo. Ele tem o poder de fazer do Não endurecido um Sim alegre, da morte a vida, da doença a saúde, do desânimo o soerguimento, do emaranhado confuso uma conjuntura simples e clara. "Até agora nada pedistes em meu nome. Pedi e recebereis para que a vossa alegria seja completa" (Jo 16, 24).
Em poucas palavras, é isto que a celebração de Páscoa nos transmite neste mês de março de 1989.


unica revelação : CRISTO


Comunhão no Amor
trad.: Pe. José Artulino Besen*
A nossa comunhão é com o Pai
e com o seu Filho Jesus Cristo. 1Jo 1,3

XVI - Um só Cristo e Uma só Igreja

uma época como a nossa, marcada pelo sectarismo, somos levados a pensar que as palavras: “Creio na igreja una...católica” se referem a uma unicidade que diz respeito à confissão à qual um cristão pertence individualmente, seja ela a ortodoxa, ou a católica, ou a protestante. Disso passamos a afirmar que a catolicidade é considerada como necessariamente indicativa de uma unidade sectária. Um fiel ortodoxo afirma que a unicidade da igreja consiste simplesmente na sua ortodoxia e que a catolicidade compreende apenas os ortodoxos espalhados pelo mundo. Tal pretensão pode ser tanto a de um católico como a de um protestante. Assim, o conceito teológico da natureza da igreja se refere a cada cristão tomado individualmente como se a unidade fosse restringida pelos limites do dogma, o qual delimita também a catolicidade, reduzindo esse último aspecto a uma simples dimensão espacial da Igreja.
Em um conceito assim restrito que se submete fanaticamente a modos de pensamento e a perspectivas paroquiais, perde-se a realidade da natureza infinita da igreja que transcende a terra dos homens e seu pensamento. A Igreja é muito maior do que o homem! É maior do que os céus e a terra, porque o homem jamais encheu a Igreja e nunca será capaz de fazê-lo, nem mesmo se o mundo inteiro com todas as suas ideologias e estruturas fosse salvo: é Cristo o único que pode encher a Igreja. Nele habita toda a plenitude que pode plenificar tudo e todos: pode encher o homem e sua mente, o tempo e o espaço. O universo com os céus e a terra não podem absolutamente conter a Igreja, ao contrário, é a Igreja que contém os céus e a terra do homem. A Igreja é a nova criação, o novo céu, a nova terra, o homem novo. Na natureza desta nova criação são engolidos o velho céu e a velha terra, como se não existissem mais, mesmo se na realidade continuem a existir. Do mesmo modo, a morte é engolida pela vida, de modo a não ter mais poder, e o corruptível é absorvido pelo incorruptível: tudo se torna novo, vivo, imortal e puro. Aquilo que é novo, sob este aspecto, pertence ao eterno, inalterável Todo, enquanto que aquilo que é velho vai desaparecendo, átimo após átimo, por causa de sua natureza essencialmente mutável.
A Igreja, portanto, naquilo que se refere à sua natureza católica, é maior do que o homem, do que seus conceitos, do que suas estruturas, do que seus dogmas; maior do que o universo com seus céus imensos, do que a vasta terra com toda a sua caducidade; maior do que todos os acontecimentos do tempo, do início ao fim.
A igreja é o novo Todo: esta totalidade é derivada da natureza de Cristo - do qual tem origem - e inclui tudo aquilo que se refere ao homem e a Deus através da encarnação.
Então, a Igreja é o “segundo Todo”, em outras palavras católica, porque encerra em si, corpo de Cristo, tudo aquilo que pertence quer ao homem quer a Deus, recolhendo-o numa única entidade que é, ao mesmo tempo, visível e invisível, finita e infinita, inserida na esfera do tempo e do espaço, mas eterna e metafísica.
O termo católica deriva do grego katá (“em acordo com”) e hólos (“todo”): o significado primário é “totalidade”. No nosso caso, o termo indica aquilo que transcende a totalidade da existência finita. Trata-se de um “todo” inalterável, infinito, que não pode ser partido nem contado: é UNO, um “todo” fixo, análogo ao conceito de natureza de Cristo que é indivisível, sem confusão e sem mudança.
Tal é a Igreja, que segue a Cristo em todos os seus aspectos: como Cristo é único na sua pessoa, inclusive na sua natureza, simultaneamente todo na sua existência temporal e eterna, local e universal, assim também é a Igreja, una e católica. Disto deriva que todo aquele que está na igreja, é necessariamente uno e deve inevitavelmente ser uno, por causa da catolicidade da Igreja; em outras palavras, a Igreja tem a capacidade divina, obtida através de Cristo, de tornar toda pessoa individual una com Deus. Todo aquele que está em Cristo é de Deus e é um com Deus.
Os instrumentos de que a Igreja se serve para atuar a sua catolicidade são os sacramentos: através deles, de fato, todos os fiéis são introduzidos juntos na união com o corpo místico de Cristo, tornando-se assim um só corpo e um só espírito; eles têm acesso à natureza da igreja una e católica, pois o corpo de Cristo na Igreja constitui o segredo de sua catolicidade, a sua pessoa, o segredo da sua unicidade.
Se os fiéis não alcançam um estado de integridade de coração e de simplicidade de mente, originado da participação no único Corpo e, portanto, um estado de amor único, originado da pessoa de Cristo que reina sobre todas as coisas, então os sacramentos se reduzem a uma realidade puramente formal, que conduz à discórdia intelectual e dogmática. A formalidade sacramental ou dogmática é incompatível com a realidade do único Corpo que encerra todas as coisas e que dá vida a todos os que dele se alimentam e se tornam um nele. Na Igreja, o corpo de Cristo é fonte de vida e de unificação, é ao mesmo tempo vivo e doador de vida e é capaz de abolir todo tipo de barreira criada pelo tempo e pelo espaço, pela mente ou pelos instintos do homem, quer se trate de barreiras sociais (nem escravo, nem livre em Cristo), quer raciais e culturais (nem judeu, nem grego, nem bárbaro nem cita) quer sexuais (nem homem, nem mulher): cf. Gl 3,28). Na Igreja, o corpo místico de Cristo é aquela fonte de energia que a torna capaz de tudo reunir na própria natureza única e católica.
A Igreja é a nova criação: como Adão foi a cabeça da velha criação humana e aquele do qual surgiram todas as raças, os povos, as tribos e as categorias do gênero humano, assim Cristo  tornou-se o segundo Adão e a cabeça da nova criação humana. Ele é o único do qual nasceu o homem novo como raça escolhida (por raça entende-se aqui a cristã-divina), como povo justificado (por povo se entende aqui aqueles que foram reunidos pela justificação que vem de Cristo e não do esforço pessoal) e como nação santa (aqui a única geradora é o santo batismo e não um ventre materno). O grande segredo que explica o poder de Cristo de unificar raças e povos e de abolir todas as barreiras entre todos os habitantes da terra (isto é, a catolicidade eclesial) consiste no seu ser Deus encarnado, Filho de Deus e Filho do homem ao mesmo tempo. A divindade de Cristo operou de modo a que sua humanidade fosse além de qualquer pertença de raça, de nacionalidade, de particularismos, ao ponto mesmo de superar o pecado e a morte. A filiação de Cristo com relação a Deus permitiu-lhe reunir a humanidade numa única filiação dada por Deus. Por isso, todo aquele que participa da carne de Cristo vê nele dissolver-se todo tipo de barreira, conjuntamente com o pecado e a morte.  Ele é feito um com cada ser humano, é um homem novo, criado de modo novo e puro, à imagem de Cristo: um filho de Deus ao interno da única filiação de Cristo. Na Igreja, a natureza católica tornou-se dependente da carne divina de Cristo, que implica num poder de reunir o gênero humano e de unificá-lo na única filiação que vem de Deus.
Na Igreja, a catolicidade é aquela de Cristo:  é o transformar em ato a natureza de Cristo que está em condição de reunir no mesmo instante o homem com o homem e o homem com Deus. Em outras palavras, a Igreja, por força de sua catolicidade, é contrária a qualquer tipo de discriminação, de divisão, de isolamento, e também é contrária a tudo aquilo que provoca divisão, qualquer que seja sua origem, interna ou externa ao homem. Cristo não se limita a reunir as diversas raças numa única mente e numa única fé, mas as reúne também numa só carne, no verdadeiro sentido da palavra, o que implica intimidade, compreensão e amor. A Igreja, com  o batismo e a eucaristia, é o corpo místico de Cristo, o ponto de encontro de todo o gênero humano, o único lugar de encontro de todos os povos, nações, raças, línguas e cores, capaz de dissolver barreiras e desacordos. Neste modo, todos se transformam em um único, grande, puro Corpo, um espírito íntimo e amante, um só homem reconciliado, cuja cabeça é Cristo: este ser unificado é dotado de todos os carismas e talentos próprios de cada raça, língua e povo, mas está isento de qualquer divisão, disputa ou discriminação; é exatamente aquilo que se entende por “catolicidade” da Igreja.
Há uma razão extremamente simples pela qual a Igreja ainda não atingiu a própria catolicidade, ou melhor, pela qual não vive daquela natureza católica que deveria constituir a essência de sua vida em Cristo, a demonstração de seu poder, o segredo de sua totalidade e de sua divina integridade: esta razão é que a Igreja  ainda não conseguiu imaginar os conceitos divinos como puros e acima da lógica e da razão humana. Em outras palavras, seus conceitos ainda estão ligados a interpretações articuladas e filosóficas que impedem a visão serena da natureza católica de Cristo que tem um poder admirável de reconciliação total e de unificação dos diversos carismas  que ultrapassa não somente as idéias, princípios e dogmas, mas também a própria capacidade intrínseca de qualquer outra natureza. Este poder único tem como fundamento o perdão, a purificação, a justificação e a santificação de cada ser humano através do sangue de Cristo, que está em condições de tirar os pecados de todo o mundo. É como se a Igreja não tivesse ainda descoberto a amplitude do poder do sangue de Cristo, a potencialidade ativa de sua carne e a profundidade de seu amor e de sua justiça.
É óbvio que todos os termos teológicos de per si não estão isentos de defeitos. Estes estão na interpretação e na compreensão dos termos: o humano aproximou-se do divino - isto é, da simples e transparente natureza de Deus - com a mente e o pensamento de Adão e não de Cristo. Por isso o desacordo é a conseqüência imediata e inevitável da natureza cismática de Adão. O cisma não está na natureza de Cristo, nem faz parte de sua natureza católica, mas veio como resultado do cisma essencialmente radicado na natureza do ser humano, uma natureza marcada pelo pecado e tornada plena de ódio, suspeita, mal entendido, vaidade e discórdia. A culpa do cisma na Igreja não está na natureza da Igreja, mas na natureza da capacidade do homem de conceber e compreender a natureza de Cristo e da Igreja.
Assim, podemos concluir que todo o cisma no conceber a natureza de Cristo e da igreja assinala que nós nos aproximamos do divino de maneira humana, com nossa mente decaída, com uma aproximação não divina. Todo cisma acontecido na igreja indica que o homem começou a enfrentar argumentos eclesiais com uma mentalidade etnocêntrica e racial (que dispersa) e não de modo eclesial e católico (que une).
Somente para o homem novo, Cristo permanecerá indivisível, incontestável e sem variações; somente para o homem que possui o pensamento de Cristo a igreja permanecerá una, única, católica para todos os povos, ortodoxa em toda a doutrina, e livre de qualquer divisão sectária; será assim somente para o homem novo que aceitou no profundo do coração a natureza de Cristo. Somente quando todos renunciam à própria vontade emerge a única vontade de Cristo; e somente quando cada um renega as próprias paixões e o ódio, e dobra o corpo e a mente à obra do Espírito Santo, somente então se manifestará a carne mística de Cristo que exercitará sua ação na Igreja reunindo os corações, os princípios e idéias. Somente quando todos entregarem espontaneamente a própria vida a Cristo é que Cristo se manifestará em sua igreja e o seu Espírito será derramado sobre ela. Quando todo fiel na Igreja, com arrependimento sincero, se entregar espiritualmente a Deus com fé e ardor, e quando toda a igreja tiver feito a mesma coisa, é que a Igreja será una pela graça de Deus, é que as igrejas serão um pelo poder do Espírito Santo: assim, Cristo será o único pastor que com o seu Espírito guia o único rebanho, tornando-se a fonte da catolicidade e da unicidade da Igreja.
Por acaso, a Igreja não é uma manifestação da encarnação de Cristo na terra e a sua continuidade no tempo? Nela os fiéis formam a nova natureza humana, glorificada na pessoa de Cristo e, através dele, adotada por Deus. Como poderia Cristo se manifestar na Igreja se não mediante a unicidade de pensamento, de vontade, de desejo, de senso comum entre os filhos do único Deus - filhos nascidos não do sangue, nem da vontade da
Como se pode demonstrar ao mundo que Deus é uno se não através da unidade de todos aqueles que nasceram dele?
E como o mundo poderia crer que Jesus Cristo é o Filho unigênito a não ser através da única filiação daqueles que crêem nele, que nasceram de Deus através de sua morte por eles e através de sua ressurreição junto com eles, e que agora estão unidos à sua carne, ao seu sangue e ao seu Espírito? Em outras palavras, eles se tornaram membros de um único Corpo.
o é conseqüência óbvia que a catolicidade da Igreja e a sua unicidade não são outra coisa senão a plenitude da teologia, a prova da existência e da ação de Cristo, a realização do novo nascimento do homem obtida do alto mediante a água e o Espírito Santo?
A falta de plenitude quanto à catolicidade e unidade da igreja, ainda existente nas igrejas espalhadas por toda a terra, pede de nós não  o reconsiderar a nossa teologia - que é autêntica e fiel -, mas de reconsiderar a nós mesmos em relação à nossa correta teologia. Assim poderemos corrigir nossa visão de Deus, o único Pai de toda a humanidade, e a nossa visão de Cristo, o único Salvador e Redentor de todos os que invocam seu nome: nele, toda a humanidade é indiscriminadamente adotada por Deus. Essa nova ótica modificará o nosso amor pelo homem, por cada homem, enquanto o torna incontestavelmente nosso irmão, mesmo quando ele permanece hostil e nos prepare laços de morte.
Devemos ter claro que aquilo que nos impele a alcançar esta catolicidade e unidade eclesial não é simplesmente a paixão teológica ou o idealismo, nem mesmo o remorso; este desejo deve nascer da nossa fé, do nosso amor, da novidade do nosso nascimento do alto de que nós não podemos absolutamente prescindir; não podemos continuar nesta nova vida sem a catolicidade da Igreja e a sua unidade.
O homem novo não poderá jamais viver separado dos outros, como um fragmento quebrado, nem pode sentir ódio ou hostilidade pelos outros. O homem novo deve ser completo e uno, porque tem origem numa única natureza e num único Pai. A única natureza nova com a qual cada homem nasceu na igreja é aquilo que o torna uno no todo, mediante a graça e o Espírito. Aqui o amor faz valer a própria autoridade divina e católica. Na imagem de Cristo, Filho unigênito, são batizados todos aqueles que nasceram para o Pai graças à única paternidade.
Deste modo a Igreja é católica porque é o corpo do Filho (sacrificado pelo mundo inteiro por obra do amor) que recapitula em si todas as coisas. A Igreja é una porque é a indivisível morada do Pai.
Assim, podemos aspirar, com abundantes lágrimas e ferventes súplicas, com a consciência do homem novo, à catolicidade e à sua unidade em todo o mundo.

nossas razões de fé


O Credo Niceno-Constantinopolitano


reio em um só Deus,
Pai todo-poderoso,
Criador do céu e da terra,
de todas as coisas visíveis e invisíveis
Creio em um só Senhor, Jesus Cristo,
Filho Unigênito de Deus,
nascido do Pai
antes de todos os séculos:
Luz da Luz,
Deus verdadeiro de Deus verdadeiro,
gerado não criado,
consubstancial ao Pai.
Por Ele todas as coisas foram feitas.
E, por nós, homens,
e para a nossa salvação,
desceu dos céus:
e encarnou pelo Espírito Santo,
no seio da Virgem Maria,
e se fez homem.
Também por nós foi crucificado
sob Pôncio Pilatos;
padeceu e foi sepultado.
Ressuscitou ao terceiro dia,
conforme as escrituras;
E subiu aos céus,
onde está sentado à direita do Pai.
E de novo há de vir, em sua glória,
para julgar os vivos e os mortos;
e o seu reino não terá fim.
Creio no Espírito  Santo,
Senhor que dá a vida,
e procede do Pai;
e com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado:
Ele que falou pelos profetas.
Creio na Igreja
Una , Santa, Católica e Apostólica.
Professo um só batismo
para remissão dos pecados.
Espero a ressurreição dos mortos;
E a vida do mundo que há de vir.
Amém.